O PURGATÓRIO É BÍBLICO? (Parte II)


The Existence of Purgatory. by Rev. John A. Nageleisen Part 2


(Diácono Francisco de Almeida Araújo)

Segunda Parte

Apocalipse 21, 27: “Nela não entrará nada de profano nem ninguém que pratique abominações e mentiras, mas unicamente aqueles, cujos nomes estão inscritos no livro da vida do Cordeiro”. Ora, por mais puro que seja o homem neste mundo, sempre ele terá máculas contraídas em sua natureza viciada, já que “o justo cai sete vezes por dia” (Prov. 24,16). Condená-lo ao Inferno por ter pequenas fraquezas não o quer a bondade de Deus. Dar-lhe logo o Céu, obsta-o a infinita pureza do Senhor. Logo, é necessária uma expiação ou purgação na outra vida, num estado denominado Purgatório. A Tradição também ensina essa verdade, como o atestam os escritos antigos e a arqueologia. Para entendermos a doutrina do Purgatório, é preciso saber que nele se conciliam a justiça e a misericórdia divinas. Não se pode enaltecer a primeira sacrificando a segunda. Deus, que é rico em misericórdia (Efésios 2, 4), é o mesmo Justo Juiz (II Tm 4, 8), a cujo tribunal haveremos todos de comparecer (II Cor 5, 10). O sacrifício de Cristo no Calvário e que se renova no altar não anula a justiça divina, mas abre o caminho do perdão. Até esse perdão está dentro de um critério de justiça. Deus retribuirá a cada um segundo suas obras (Mat 16, 27; 
Rm 2, 5-8; I Pe 1, 17; Ap 2, 23; Ap 22, 12, etc).

Muitos homens morrem e comparecem imediatamente diante do Tribunal Justíssimo de Deus e estão em tais condições que não poderão ser condenados ao Inferno, pois não estão em pecado mortal, mas, por outro lado, não estão suficientemente puros para entrarem imediatamente na glória do Céu. Nem houve tempo para um arrependimento perfeito ou sofrimentos bastante que os lavassem mais profundamente.
Assim como é certíssima a verdade que Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras, é certíssima a existência do Purgatório. Graças a Deus! Louvado seja Deus!
Deus nos perdoa, mas exige do pecador perdoado uma pena, uma expiação. Basta lermos Números 14, 11. 12. 19. 20-23; Números 20, 12; Dt 34, 1-5; II Sam 11, 2-7; 
II Sam 12, 13-14; Jl 2, 12, etc.

O Purgatório nos purifica das penas e das culpas. É doutrina consoladora, extraordinária, pois lá brilha o sol da bondade de Deus.
Pena que o Purgatório seja apresentado só como local de sofrimentos e não de alegrias, como nos narra São Bernardino de Sena. A maior dor é de, na Terra, não ter amado mais a Deus e agora (no Purgatório) ter que aguardar um tempo para ver nosso amado Senhor, face a face. Uma coisa é ver de longe e outra é abraçá-Lo.
A figura radiosa do Senhor, vista no momento do Juízo particular, é nosso consolo e força no Purgatório. E ao ver Deus, a própria alma se julga e se reconhece indigna de entrar diretamente no Céu.

O Purgatório é o tempo, a oportunidade de se purificar. É uma Escola de Amor. De Amor a Deus. Senhor, dê-nos o Purgatório desde já, aqui na Terra, pois queremos amá-Lo intensamente. Como a dor nos purifica, nos liberta...
Só queremos Deus. Só Ele nos basta.

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