O Padre Pio e as aparições das almas do Purgatório (Parte II)
A história do homem que morreu queimado no convento
Outra aparição, que escutei do próprio Padre Pio, foi aquela de um velho homem que tinha queimado até a morte, no convento de San Giovanni Rotondo, na época em que tinha sido transformado numa casa para os pobres, após a supressão das ordens religiosas.
Vou descrever a história da forma exata como escutei o Padre contando, numa tarde de maio de 1922, ao Monsenhor Alberto Costa, Bispo de Lecce.
Fui até o corredor, e assegurei-me de que todos os Padres estavam fora, sob as treliças de videira, falando com o Bispo e com o Padre Pio. Aproximei-me do peitoril da janela, e fiquei por lá escutando o que todos, diretamente embaixo, falavam.
Atraído pela pergunta feita pelo Bispo Costa ao Padre Pio, se uma pessoa morta já tinha aparecido a ele, concentrei-me a fim de seguir atentamente a discussão. Era assim que a história começava:
“Nós estávamos no meio da Primeira Guerra Mundial. O convento de San Giovanni Rotondo, como todos os outros conventos da província monástica, estava vazio, sem frades, pois haviam sido confiscados. Só havia o Colégio Seráfico, atendido por mim e pelo Padre Paolino.
Numa tarde de inverno, depois de uma pesada nevasca, a senhora Assunta di Tommaso, irmã do Padre Paolino, chegou no convento, para uma estadia de vários dias.
Antes do anoitecer, Padre Paolino disse a sua irmã para descer até a cidade e se instalar na casa de Rachelina Russo, uma benfeitora do monastério. Assunta se recusou a ir até a cidade sozinha, porque havia ainda muita neve no chão, e o perigo de ser atacada por um lobo faminto, ou de ser abordada por um bandido. Padre Paolino disse a ela: ‘Assunta, você sabe que este aqui é um mosteiro de clausura, e nenhuma mulher pode entrar. Então o que podemos fazer? ’
Assunta respondeu: ‘Deixe-me trazer um colchão para este quarto, e fico aqui por esta noite. Amanhã, vou procurar Rachelina. ’
Padre Paolino: ‘Se não se importar em ficar na sala de hóspedes, terei uma cama preparada para você poder descansar em paz esta noite. ’
Ele ordenou que alguns estudantes preparassem uma pequena cama, e acendessem o fogo da lareira para aquecer a sala.
Depois de uma boa ceia, tão logo os garotos foram dormir, nós descemos para dizer um boa-noite a Assunta. Enquanto conversávamos, Padre Paolino disse à irmã: ‘Assunta, vou recitar o Rosário na igreja, você fica aqui com o Padre Pio. ’
Assunta respondeu: ‘Também vou. ’
Assim que saíram da sala de hóspedes, fecharam a porta, e fiquei sozinho perto da lareira. Estava rezando com os meus olhos quase fechados, quando vi a porta se abrir. Um senhor de idade, vestindo uma capa ao estilo dos camponeses de San Giovanni Rotondo, veio se sentar perto de mim. Olhei-o sem poder imaginar como ele teria entrado no convento àquela hora da noite. Então lhe perguntei: ‘Quem é você? O que você quer? ’
Ele respondeu contando-me o nome, sobrenome, e outros detalhes: ‘Padre Pio, eu sou Pietro Di Mauro fu Nicola, apelido: Precoco. Faleci neste mosteiro no dia 18 de setembro de 1908, na cela número 4, quando esta era ainda uma casa para os pobres. Numa noite, enquanto estava na cama, adormeci com um cigarro aceso. Pegou fogo na palha e morri, sufocado e queimado. Ainda estou no Purgatório. Preciso de uma Santa Missa para ser libertado. Deus permitiu que eu viesse e pedisse a sua ajuda. ’
Depois de escutá-lo, repliquei: ‘Tenha certeza que amanhã celebrarei uma Missa para a sua liberação. ’ Levantei-me e o acompanhei até a porta do convento, para que pudesse sair.
Não tinha percebido, naquele momento, que a porta estava fechada e trancada.
Eu a abri e nos despedimos. A lua iluminava a praça coberta de neve. Quando não o vi mais diante de mim, fui tomado por uma sensação de medo. Fechei a porta, entrei novamente na sala de visitas, e caí desmaiado. Padre Paolino e sua irmã, depois de completado o Rosário, retornaram para a sala de visitas e, vendo-me pálido, pensaram que tivesse ficado doente. Depois de desejar um boa-noite a Assunta, Padre Paolino acompanhou-me até a cela. Eu não disse nada sobre a aparição.
Depois de uns dias que sua irmã havia partido, Padre Paolino quis saber o que tinha acontecido comigo naquela noite. Confessei tudo, contando-lhe inclusive os pormenores da aparição. Então acrescentei: ‘Aquela noite eu não poderia dizer, na presença de sua irmã, que um homem morto tinha aparecido a mim. Do contrário, ela não teria conseguido dormir na sala de hóspedes. ’”
Padre Pio terminou a história desta extraordinária aparição dizendo que, com o oferecimento da Missa, a alma do homem havia sido liberta do Purgatório, e entrado na intimidade com Deus.
Após anotar todas as informações, Padre Paolino foi até o escritório onde estavam os arquivos do convento, para confrontar os fatos. Verificando-os, declarou que a história contada pelo homem morto era verdadeira.
Voltei rapidamente ao meu quarto, e escrevi, em várias folhas de anotação, tudo o que tinha ouvido atentamente daquela narrativa.
No dia 11 de fevereiro de 1948, encontrei aquele mesmo Bispo, Monsenhor Alberto Costa. Na casa paroquial de Magliano di Lecce, falamos um bom tempo sobre o Padre Pio, na presença de muitos padres e leigos, convidados para a Festa de Nossa Senhora de Lourdes.
Entre vários episódios, o Bispo discorreu, nos mínimos detalhes, sobre a história da aparição do velho homem morto ao Padre Pio, do jeito que ele a tinha escutado, vinte e seis anos antes, e da forma como eu a escrevi agora.
Do livro “Padre Pio of Pietrelcina: Memories – Experiences – Testimonials”, Pe. Alberto D’Apolito, Foggia, 1986.
https://www.paraclitus.com.br/santos-e-martires/o-padre-pio-e-as-aparicoes-das-almas-do-purgatorio-parte-ii
Comentários
Postar um comentário